Tive uma
convivência de amizade de mais de 30 anos com este grande poeta. Amigo leal que
aprendi a admirar e reconhecer desde 1983 quando escrevia uma coluna cultural
no Suplemento do Jornal A Crítica de Manaus, que circulava aos domingos
denominada Revista Nacional, coloquei a metade desta coluna a disposição dele,
para que ele escrevesse uma outra coluna denominada: ‘’ Nem Só de Pão Vive o
Homem’', que destacava a sociedade de Manaus e os eventos culturais que ele fazia questão de participar,(Veja no link: http://culturadoamazonas.blogspot.com.br/ ).
A partir daí a nossa amizade foi se fortalecendo cada vez mais.
Com a
sua ida para Brasília para assumir a cadeira de Senador pelo Amazonas, por ser na época o primeiro suplente do senador Fábio Lucena, que faleceu no início de seu
segundo mandato em 1987, Áureo Mello continuou ligando e me escrevendo duas ou três
vezes por semana e, quando viajava para Brasília, fazia questão de visita-lo, pois ele
tinha aerofobia e detestava viajar de avião, os seus amigos sempre davam um jeito de ir ao seu encontro, pois a sua alegria
de viver era contagiante e nesses encontros de velhos amigos camaradas, conversávamos muito
sobre o Amazonas e o Brasil.
A mesma importância que dava aos seus afazeres como político e advogado, se empenhava de corpo e alma principalmente para escrever suas poesias que ele adorava e onde ele se entregava
por completo mas, que só era publicado em seus livros e em alguns jornais literários de Brasília e do Rio de Janeiro onde tinha um grande número de amigos e leitores.
Esta semana, andando
pelo Shopping Amazonas, me deparei na banca de revistas, com uma revista de
circulação nacional que na capa ilustrava uma fotografia da família do SBT, com
o título “Sílvio Santos e Íris Abravanel casam Renata, sua caçula’’, e qual foi a minha surpresa ao folhear a revista, na página 11, uma página
inteira destacava uma foto, de um gato olhando um peixinho dentro de um aquário,
com uma poesia do Áureo e, no rodapé da página a sua bibliografia. Uma bela homenagem da revista ao poeta.
Fiquei muito feliz e imaginando como seria bom ligar para o meu querido
amigo ou receber sua ligação de Brasília como outrora, quando ficávamos horas a falar sobre suas atividades culturais e comentar sobre suas publicações, como ele ficaria alegre se soubesse que sua poesia tinha sido destacado em foco em uma revista de
circulação nacional, respeitada pelos enfoque sociais sobre a sociedade
brasileira, mais infelizmente isto não poderia mais ser feito, porque meu
grande amigo já havia partido em uma viagem eterna e não pôde ver este
reconhecimento nacional de uma de suas belas poesias, que agora se tornaram palavras
eternas.
AS PALAVRAS
As palavras
são potros corcoveantes
Que apenas
os vaqueiros competentes
Pernas
tornando em verdadeiros guantes
Domar
conseguem, porque são valentes
Para o
pasmar invejoso das gentes
Que não
sabem montar, esses gigantes
Da força e
do equilíbrio alcançam frentes
Que navegadas
nunca foram dantes...
A LEI DO
AMOR
III
O amor...
então será profundo desprendido
E aquele que
o possuir será um herói vencido
Deixando que
a vitória as flâmulas ostente
Nalma do
ser amado, afinal tão-somente...