Filho do poeta Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha que
exercia, em Belém, o cargo de escrivão vitalício da Alfândega e de Rosalina
Espinosa Solkman Tenreiro Aranha. João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha,
foi o primeiro Presidente da província do Amazonas.
O pai de Terreiro Aranha faleceu a 25 de novembro de
1811, deixando Tenreiro Aranha com apenas 13 anos. Rosalina ficou na pobreza, contando somente
com o sítio Memória, resultado daí o apelido do menino de João da Memória. Com
14 anos Aranha prestou exame de matemática, além de se sair bem em aritmética,
contabilidade e escrituração mercantil no Liceu Paraense. Embarcado, na
qualidade de escrivão, a bordo de uma escuna, numa de suas viagens, chegou ao
Rio de Janeiro, onde pleiteou o emprego que o pai ocupara, pois a lei mandava
dar preferência, por morte do serventuário, ao filho mais velho, quando
competente, mas a vaga lhe foi negada.
Decepcionado, largou o trabalho de escrivão e embarcou em uma escuna,
voltando a Belém onde conseguiu o cargo de escrevente da Junta da Fazenda Real,
em 1815. Em 1818, alistou-se no Esquadrão de Cavalaria, criado e organizado
naquele ano pelo conde de Vila Flor, capitão-mor da capitania, na capital
paraense. No Esquadrão foi de sargento a alferes, posto este confirmado por D.
João VI. Após 1822, a sociedade paraense se dividiu politicamente, parte contra
a independência do Brasil; outra, a favor. Nessa ficou Tenreiro Aranha
exonerando-se das funções de alferes e tendo resolvido, então, fundar um
estabelecimento agrícola na Ilha de Marajó, quando foi convidado a ocupar o
cargo de escriturário da Junta da Fazenda. Já estava casado com Emília Portal
de Carvalho.
Devido às suas preferências políticas, que ele tornava
públicas através dos jornais, começou a ser perseguido e escreveu: -‘’ Escapei
de ser preso nessa ocasião, por haver quem por mim se interessasse junto ao
poder despótico de Villaça’’, contudo era sempre apontado e vivia em risco por
ter escrito e publicado algumas ideias a favor da causa do Brasil no Periódico
Paraense, e sustentado com energia a eleição na Câmara - Por duas vezes, teve
de fugir em pequeno barco à vela e a remo, para São Luís do Maranhão, com
sacrifício de saúde e dinheiro, a fim de não cair nas garras dos seus
adversário. Em 16 de novembro de 1831 foi reintegrado nas funções de escrivão
da Mesa Grande da Alfândega e depois administrador da Mesa de Estiva, onde
ficou até 1836, sempre servindo, devido ao seu conhecimento da coisa pública,
em várias comissões de importância como as de comercio, indústria, navegação e
política. Ainda em 1832, sofrendo novas perseguições políticas, refugia-se nos
Estados Unidos e depois no Rio de Janeiro, voltando a Belém em 1834.
Já como inspetor da Alfândega, foi demitido e mandado ser
preso pelo general André, em março de 1838 e posto em liberdade em 20 de maio,
desde que seguisse para o Rio de Janeiro a fim de responder a processo, o que
ele obedeceu. Dois meses depois, porém, quando seguia para o Rio a bordo da
charrua Carioca, soube que o processo contra ele deram em nada e fora novamente
nomeado pela Regência como inspetor da Alfândega do Pará. Volta para Belém. De
1840 a 1849, Tenreiro Aranha foi ininterruptamente eleito deputado provincial.
Nas legislaturas de 1848 e 1849, serviu na Assembleia Geral, como deputado pelo
Pará, que, então, compreendia o Amazonas. De todos os benefícios que prestou, em
seus mandatos de deputado, são incomparáveis, pelo seu alcance político e
econômico, o da elevação do Amazonas à categoria de província e do
estabelecimento da navegação a vapor no Amazonas, este, apoiado por Irineu
Evangelista de Souza (Barão de Mauá), criador e incorporador da Companhia de
Navegação e Comércio do Amazonas.
Sobre o fato, em 7 de novembro de 1849, apresentou a
seguinte indicação: Indico que se dirija uma representação à Assembleia Geral
legislativa, para que a Comarca do Alto Amazonas seja elevada à sua antiga
categoria de Província. Afinal, em 1850, foi criada a Província do Amazonas,
por Lei no. 582, de 5 de setembro, sendo Aranha nomeado seu primeiro presidente
por decreto imperial de 7 de junho de 1851. A bordo do vapor Guapiassú, chegou
a Manaus a 27 de dezembro de 1851, sendo recebido com festividade pela diminuta
população da capital. Levava numerosas pessoas, algumas das quais para seus
auxiliares. A 1º. De janeiro de 1852, na Câmara Municipal, em sessão
extraordinária e solene, assumiu o governo, instalando a província. Presidente
da nova província, e ainda Deputado Geral, teve que descer a Belém numa canoa e
dela seguir em navio para o Rio de Janeiro, para tomar parte do plenário da
Assembleia, onde pretendia conseguir apoio para o seu governo, passando o cargo
para o vice-presidente Manuel Gomes Correia de Miranda, em 27 de junho de 1852.
Iniciou seu trabalho como dirigente do Amazonas
regulamentando os serviços públicos, baixando instruções para a arrecadação,
fiscalização e escrituração das rendas provinciais. Adotou o regulamento da
Instrução Pública do Pará, enquanto elaborava outro mais adequado, e criou as
repartições necessárias. Mandou explorar alguns rios, cuidando da sua
navegação. Tratou da catequese dos índios e da colonização. Arrumou um prédio
para o Palácio do Governo e mandou fazer uma nova cadeia, além de começar a
criar um núcleo de colonização agrícola e fabril.
Doente, regressou a Belém para se tratar quando a 31 de
dezembro daquele ano recebeu o decreto de sua exoneração como presidente do
Amazonas.
Fonte: Wikipédia.
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