sábado, 31 de janeiro de 2015

2015, cem anos de nascimento do Patrono da Ecologia no Brasil


Todos os dias um beija-flor faz um voo rasante sobre algumas plantas que cultivamos em nosso quintal. Ao vê-lo bater suas asas freneticamente em uma velocidade incrível, direcionando o seu bico para sugar as flores, uma recordação me vem à mente, de um cientista que viveu toda a sua vida estudando, protegendo e cuidando dessa espécie fantástica de pássaro. Refiro-me a Augusto Ruschi agrônomo, ecologista, naturalista e indigenista que criou em Santa Teresa, município montanhoso próximo de Vitória/ES, um museu exclusivo de espécies de beija flores. O cientista que demonstrou que o amor aos beija-flores e orquídeas pode ajudar a salvar o homem.
Conheci Augusto Ruschi, no hotel SENAC de Vitória no Espírito Santo, o qual a direção resolveu fazer um viveiro de Beija flor no final da década de 70, como forma de mostrar aos hóspedes e visitantes a necessidade da conscientização ecológica.
Ele foi convidado a participar desse projeto, supervisionando toda uma estrutura que foi montada no hall do hotel, para abrigar algumas espécies de beija-flores em um amplo local que tinha também o objetivo de divulgar o trabalho que este cientista estava realizando no Brasil, através do museu.
A sensibilidade, o respeito e a dedicação que Ruschi tinha para com esses seres foi realmente um grande exemplo de amor a estes pequenos pássaros que fazem parte do grande ecossistema da terra. Esse cientista era reconhecido em todo o mundo por ter realizado um trabalho excepcional em prol de todas as espécies de beija flores existentes no Brasil.

Sua notável contribuição para o ambientalíssimo e para as ciências, expressa em suas ações e em seus mais de 400 artigos e mais de 20 livros científicos, foi consagrada através do respeito que granjeou entre os estudiosos de sua época e de muitas homenagens que recebeu em vida e postumamente. Em 1994, através de lei federal, foi-lhe concedido o título de Patrono da Ecologia no Brasil, sendo também um dos ícones mundiais da proteção ao meio ambiente.
Em plena ditadura militar, lutou, em 1965, para impedir a concretização de um plano do governo do Espírito Santo para vender a madeira de matas nativas e reflorestá-las com eucalipto. Condenou os planos oficiais de ocupação da floresta amazônica e falou a favor dos povos indígenas. Em 1971 documentou e denunciou o desmatamento desenfreado da mata virgem e o desalojamento violento de setecentas famílias indígenas num projeto de reflorestamento com eucaliptos da empresa Aracruz Celulose. O combate judicial que se seguiu só encerraria em 2007, com o ganho da causa a favor dos índios, mas a esta altura a terra já estava devastada.

O interesse pelo estudo de plantas e animais, desde a infância, permitiu que conhecesse a fundo diversos ramos da biologia, tornando-se respeitado especialista em beija-flores e orquídeas do Brasil. Ajudou no combate a pragas na agricultura, na implantação de diversas reservas ecológicas, como o Parque Nacional do Caparaó, e na divulgação das maravilhas da natureza. Montou duas instituições científicas, a saber: o Museu de Biologia Professor Mello Leitão e a Estação de Biologia Marinha Ruschi.
Figura polêmica, defensor atuante e notório do meio ambiente, envolveu-se em várias disputas públicas com empresas e autoridades pela preservação ambiental, destacando-se o conflito com o Governador do Espírito Santo, Élcio Álvares, em 1977, a respeito da instalação de uma fábrica de palmito na Reserva Biológica de Santa Lúcia. Foi também pioneiro no combate ao desmatamento da Amazônia e antecipou os efeitos deletérios do reflorestamento com espécies exóticas e do uso de agrotóxicos, entre outros problemas ambientais contemporâneos.

Infelizmente em uma missão de estudos desses pássaros na floresta amazônica, acabou sendo contaminado com um veneno fatal expelido por um pequeno sapo que anos depois lhe tirou a vida em consequência deste fato.
No entanto deixou uma lição para todos, que devemos respeitar não somente os seres de nossa espécie, mas procurar entender que existem seres não importando a sua natureza, que também tem o direito de viver aqui neste planeta.


Leia mais sobre Augusto Ruschi acessando o link do IPHAN e da  Wikipédia:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Ruschi