sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Turismo no Amazonas para a maioria dos brasileiros é uma missão impossível


Lamentavelmente um dos setores mais importante para alavancar a economia do estado do Amazonas, o ecoturismo está praticamente abandonado por quem de direito deveria estar impulsionando este setor que gera divisas, renda, empregos e crescimento econômico para o estado e o país.  As duras penas e com o sacrifício de alguns empresários, ainda existem os hotéis de selva para receber turistas estrangeiros.
Manaus há 20 anos chegou a figurar no sexto lugar no ranking das cidades brasileiras com maior afluência turística, por ser o principal ponto de partida na Amazônia ocidental, para turistas vindos dos quatro cantos do planeta, que se embrenhavam-na maior floresta tropical úmida do planeta e tomavam banhos nos rios e igarapés, enchiam os pulmões de ar puro no meio da floresta, se alimentando com a culinária regional a base de peixes, farinha, frutas e sucos regionais.
Da capital amazonense os turistas partiam em ritmo de aventura, rumo aos hotéis de selvas localizados a alguns quilômetros de distância, descansavam e no dia seguinte partiam em excursões safaris mata adentro, acompanhados de experientes guias conhecedores da sobrevivência na selva ou pelos rios em barcos e voadeiras e canoas a remo, que são usados a noite para um evento bastante conhecido, que é a focagem dos jacarés, uma atração que os turistas adoram.
Nos safáris dentro da floresta os turistas eram levados para conhecer e abraçar árvores seculares com mais de 30 metros de altura, com troncos de circunferência de até oito metros, onde bandos de macacos saltitavam animados pendurados nos imensos galhos destas árvores e, as mais exóticas aves em voo em bandos ou sendo observados tranquilamente nas árvores.
No silêncio da floresta que é quebrado apenas pelo canto dos pássaros ou pelo barulho dos motores de barcos, lanchas e voadeiras que cortam as águas dos rios, os turistas ficam emocionados e encantados diante da magnitude da natureza, ali os visitantes se calam contemplando as maravilhas da natureza, o guia fala baixo em sinal de respeito ao milagre da criação divina, e elevam seus pensamentos para o alto, quando deparam com o majestoso encontro dos rios Negro e Solimões, onde aparentemente as águas dão a nítida impressão de não se misturar, mais depois se unem para formar o maior rio do mundo em extensão e volume d’ água, o rio Amazonas que segue em uma esplêndida trajetória até desaguar no oceano atlântico.

Em vários lugares desta imensa floresta nas margens desses caudalosos cursos d’água há casas flutuantes e povoados de caboclos e índios que há séculos tiram da floresta e dos rios, tudo o que precisam para sobreviver, num lugar que parece ter sido esquecido por aqueles que habitam em meio a poluição sonora e do ar nas grandes cidades.
Esta visão fantástica que se descortina aos olhos dos turistas que se aventuram na floresta para conhecer este grande santuário ecológico do planeta, onde se encontra nas águas dos rios mais de duas mil espécies de peixes, jacarés, peixes-boi, botos, lontras, ariranhas e milhões de seres visíveis e invisíveis, acima das águas em meio as moitas de Canarana ou nos igapós aninham araras e papagaios multicores e outras espécies que encantam aos olhos de todos. Em terra nos caminhos ou acima deles abertos dentro da floresta em trilhas suspensas construídos para se ter acesso as copas das árvores, nos hotéis de selvas, para que os turistas possam conhecer e conviver com a biodiversidade amazônica, que se faz presente com vegetais enormes que formam a maior cobertura vegetal da Terra e que abrigam toda espécies de vida, inclusive as temidas onças que ressabiadas sobrevivem longe das trilhas percorridas pelo homem.
Não é fácil ver tudo o que existe na floresta amazônica numa única excussão afinal, como percorrer as mais de 700 ilhas do Parque Nacional de Anavilhanas, considerado o maior arquipélago do mundo, ou como escalar o pico da neblina, o ponto mais alto do Brasil, como também a mais alta cachoeira do país e a montanha denominada a Bela Adormecida, todos situados no estado do Amazonas.

Por mais emocionante e gratificante que seja, uma viagem a este estado que conta com várias atrações turísticas naturais, é também frustrante pelo muito que se deixa de ver devido à falta de infraestrutura do estado, que não faz nem um planejamento e nem realiza parceria com a iniciativa privada, visando a lançar pacotes turísticos que possa fazer os turistas que visitam o Amazonas, a ter acesso a todas as maravilhas existentes neste estado.
Sem falar que Manaus está isolada por via terrestre da maioria dos estados brasileiros, devido ao abandono de mais de 30 anos da BR 319 que liga a capital do Amazonas a Porto Velho, que hoje se encontra em situação lastimável, sendo possível apenas o tráfego de veículos durante o verão amazônico de Julho a janeiro, como a maioria da população brasileira gostam de fazer turismo no Brasil com os seus carros, Manaus se torna uma viagem impossível, ficando apenas restrito a visitantes estrangeiros ou quem tem um poder aquisitivo que possa pagar as passagens aéreas caríssimas com destino para Manaus ou se aventurar em embarcar numa viagem de seis dias dentro de um navio de Belém a Manaus.

O interessante é que enquanto os amazonenses estão vivendo no contexto de um estado cuja região faz parte de uma das sete maravilhas da natureza do mundo, assistem matérias produzidas nos telejornais do Brasil, que mostra faturamento de milhões de dólares em estados americanos que investem até no turismo de observação de pássaros e passeios em simuladores que mostra de forma genérica a natureza, baseado em florestas de ficção produzida nos estúdios de cinemas. Enquanto o Brasil possui a maior floresta do mundo com imensos rios, montanhas, cachoeiras maravilhosas e uma biodiversidade única em todo o planeta, não fatura sequer um por cento do que os EUA faturam em suas florestas de ficção.